sábado, 6 de fevereiro de 2016

SE OUÇA PARA FORA DE SÍ (31/01/2016)


Você (ou eu, ou quem interessar possa - qip), provavelmente já se deparou com sua voz numa gravação e a achou estranha, esquisita, nem parecendo ser sua. Mas outro que ouça, dirá que é igual a voz que ele ouve de você. Estranho, não é? Mas é isso mesmo que acontece, a voz que ouvimos enquanto falamos é diferente daquela que sai pela nossa boca e as pessoas ouvem.

Mecanicamente é fácil compreender, são questões de acústica. Porém quando ampliamos o fenômeno para um outro plano de entendimento, surge um dos mais difíceis desafios do ser humano: enxergar-se, ouvir-se, julgar a si mesmo.

O Dono e Único Protetor da minha alma coloca-nos na posição de enxergarmos e medirmos nossa autenticidade mediante os outros. Ele ensinou isso antes de um jantar, o último Dele antes de vencer a morte na História. Contextualizando: antes de comer com os seus irmãos, amigos, parentes, conhecidos, próximos, e assim por diante, faça uma reflexão quanto a você mesmo e julgue-se, pois esse é o único julgamento que lhe cabe, que lhe é conveniente e isso tornará o momento de comunhão, amor, e confraternização, autêntico. E você não atentará contra sua própria vida ao julgar o próximo, pois na medida que o medimos, seremos assim julgados, e quando julgamos legislamos para nós mesmos, então, julgue somente a sí, e tenha parte com Deus, comendo do Alimento Eterno. 

Pois bem, antes da ceia veja como você (eu ou qip) tem se portado em relação ao seu próximo ou qualquer outro que cruze seu caminho, mas principalmente os do momento em comum que esteja vivendo. Use o espelho da vida para se enxergar e veja se não tem sido um sequestrador do seu próximo, utilizando-se dos comuns da ceia, da família da vida, ao invés de confraternizar, comungar, em memória daquele que é Amor.

Se nós todos assim procedermos, teremos verdadeira comunhão, verdadeira alegria na reunião em torno do alimento, e diante e em memória daquele que é o Alimento Eterno, e não haverá usurpação do outro e envenenamento de nós mesmos. Mas só vai acontecer assim se "ouvirmo-nos", "enxergarmo-nos", pelos sonares e espelhos da vida do comum/fraterno, se entendermos o momento do outro, ou pelo menos procurarmos entendê-lo em verdade, sem usar o outro pra satisfazer o nosso egocentrismo, sem abusar da fragilidade, da humanidade, da hospitalidade, da bondade, da vida do próximo.

Em Jesus, que é o Alimento, que é a Ceia, que é o Amor, e que é o "Sumo Pequenino", não há inferior, não há elite, categorização qualquer, há o próximo a quem devemos respeito em amor. Então, toma seu Pão e Vinho, toma o próprio Jesus, toma seu prato e coma, senão esfria, mas não é o prato que esfria, pois esse prato é eterno, é você (ou eu ou qip) que esfria quando não se enxerga em Amor e no Amor. Partilhe o Pão (da vida) e pondere-se, não o tome só para si, aja em comunhão na comunhão, senão perde a Graça, até porque a Graça escolhe a todos. Bom apetite! (apetite do bem).